quinta-feira, julho 08, 2004

Escaninhos

René Descartes é o culpado de nossos problemas sentimentais. Há muito tempo aprendemos a classificar, analisar e sintetizar tudo em nossa volta com rigor matemático. Até aí tudo bem. O problema começa quando fazemos isso com os nossos sentimentos....

Temos classificação para todo o tipo de relacionamento humano: amizade, namoro, noivado, casamento. Ou é uma coisa, ou outra. Quando estamos apenas curtindo uma pessoa logo vem aquele comentário “vocês estão namorando?” seguido de uma longa explicação. Muitos relacionamentos fracassam pela angústia da classificação. Parece que temos que colocar tudo em escaninhos fechados: esta aqui é minha namorada; estas duas são minhas amigas; aquela é parente; este aqui não sei bem ainda.....mas está com cara de colega....bem, fica aqui por enquanto. É um verdadeiro saco....

Garanto que muitos relacionamentos frustrados surgiram por pura impaciência de alguma das partes. Aquela explicação quilométrica acaba com uma simples palavra: casados.

Até hoje procuraria um escaninho para a Karine. Nos casamos sem ninguém saber (inclusive nós). Nos vemos nos finais de semana. Por enquanto temos apenas uma prestação da casa própria em nosso nome (de solteiros, claro). Já escolhemos o nome de nossa futura filha - será Bibiana. Fazemos amor, mas dormimos em camas de solteiro. É em seu em seu colo que deposito minhas lágrimas e recebo cafuné como se fosse de minha mãe. Rimos de piadas bagaceiras e até futebol ela já está jogando. No último campeonato da praia disputamos uma vaga na ponta direita....

Qual o escaninho dela? Apenas e totalmente Karine (com K).