segunda-feira, maio 24, 2004

Suicídio do Português

Li escrito num bilhete: O português morreu!
- Que horror! Pensei, sem crer que um indivíduo pudesse escrever isto.
- Quem foi?
Um Deus dos números que viu no futuro só emissões e recepções de impulsos elétricos entre os homens.
- Que horror! Lutem e conquistem, guerreiros. O prenúncio chegou. Notem que neste texto morreu o......


....a”

quinta-feira, maio 20, 2004

zero a zero

Ontem eu estava assistindo ao jogo entre Grêmio e Flamengo pela Copa do Brasil. Daqueles truculentos, chatos com final completamente previsível, hollywoodiano. Por volta dos 30 minutos do segundo tempo, o Grêmio jogava tão mal que já estava torcendo para o Flamengo fazer gol.

Toda a situação me fez lembrar do “Choquinha”, camisa 9 do Gramulhões Futebol Club. Centroavante goleador, fora contratado junto à Sociedade Atlética Morungava para disputar a final do varzeano contra o Grêmio Riachuelo.

Era mais ou menos 40 minutos do segundo tempo. Zero a zero. A torcida do Gramulhões muito irritada com a atuação do Choquinha. A estrela, especialmente contratada para o jogo, mal havia tocado na bola. Inadmissível um crioulo daquele tamanho não dar um chute em gol. Alguns torcedores o defendia dizendo que o time não havia jogado para ele. Outros culpavam a falta de entrosamento.
O técnico do Gramulhões que estava à beira do gramado e de um ataque dos nervos, gritava muito:

- Vai Choquinhaaaa!
- Chuuuuta Choquinha! Que m... Choquinha...

Já nos descontos, Choquinha recebe livre. É a última chance do jogo. Antes de partir para o gol adversário, ele olha para o técnico gordo que transpirava e gritava muito. Pára a bola, vira o corpo e parte contra o próprio gol. Ninguém entende nada. Os adversários param. Os companheiros param. O estádio todo pára. O goleiro de seu time (um alemão de quase dois metros de altura) não sabe o que fazer. Se ele derrubar Choquinha será pênalti? Na dúvida partiu para cima do centroavante. Com um drible desconcertante Choquinha deixa o goleiro sentado e empurra a bola para as redes. O árbitro aponta para o centro do gramado. Nenhum jogador vibra. As duas torcidas estão atônitas. Apenas o Choquinha comemora. O Riachuelo é campeão.

Antes de cair a ficha na torcida do Gramulhões, ele desce correndo para o vestiário. Antes de entrar, dá de cara com o treinador desconsolado que pergunta:

- Por que isso.....Choquinha?
- Cara, eu odeio zero a zero...teu time é muito ruim, tu é muito chato e meu nome é Joquinha. Com jota! JOquinha. - Gritou o jogador, empurrando o técnico e sumindo da cidade.

Quem dera o “Choquinha” estivesse em campo no jogo de ontem...

terça-feira, maio 18, 2004

desejos

Um desejo

Fazer meus olhos
Passearem por seu corpo,
Meus lábios sentirem seu gosto
Ter a chance de te desejar

....que desejo.

Insano, corro nú pela rua
Para chocar os olhares dos comuns
Que vivem sem paixão, sem a sua
Sem vida

....sem você.

segunda-feira, maio 17, 2004

25, quase 26

Sexta-feira, dia mundial do Happy Hour. Sentados num bar da Cidade Baixa, Alê, Osmar, Cláudio e Buba conversam animadamente. Após passada a fase de falar mal dos outros, de rir muito das piadas mais sem graça do planeta e de fazer confissões que nem o analista ouve entra em cena aquele constrangedor silêncio (sinal divino para pedir a conta e ir embora). Mas Osvaldo se vira para a Buba e dispara:

- Buba, quantos anos tu acha que eu tenho?
- Sei lá....uns.....vinteepoucos.
- Vinteepoucos é muito amplo. Eu tenho cara de que idade?
- 28 – dispara Buba sem dó nem piedade.
- 28? Bhá, bem longe dos “vinteepoucos”.... responde Osvaldo ajeitando-se na cadeira como num solavanco.

O silêncio que era constrangedor, agora vira tenso. Todos olham para Osvaldo esperando a sua reação. Alê fica com a mão em riste, tentando pedir a conta para encerrar aquela situação, mas nenhum garçom o atende. Osvaldo continua:

- Tu não é nada perceptiva...
- Eu sei dizer a idade de qualquer pessoa apenas olhando para ela.
- A é? Então quantos anos tu achas que eu tenho? – indaga Buba também se ajeitando na cadeira.

Osvaldo olha para os lados e se sente ameaçado. Um número, um número....qual número? Ele pode fazer o que todos os homens fazem neste tipo de situação: pensa numa idade real e diminui uns 4 ou 5 anos só para ver aquele sorriso da “presa”. Depois de todo o processamento aritmético, daria uns 20 anos. Mas agora ele estava acuado. Não sabia se tentava prolongar a noite com a Buba ou ganhava o desafio.

- 25, quase 26. Na tampa! Bradou Osvaldo, jogando-se para trás e abrindo os braços para receber os louros da vitória.
- Tu tá louco? Está dizendo que eu tenho um quarto de século? Grita Buba, já se levantando da mesa.
- Além de indelicado, ainda me trovou que sabia as idades das pessoas apenas olhando. Que absurdo!
- Como assim? Pergunta Osvaldo tentando contornar a situação.
- Eu tenho só 23. v-i-n-t-e-e-t-r-ê-s! Aliás, as pessoas me dão no máximo 20! Responde Buba, pegando a bolsa para ir embora.
- É....eu sei.... – murmura Osvaldo antes de sua última frase da noite.
- Garço-om!, a conta por favor.

quinta-feira, maio 13, 2004

adeus você

Quinta-feira nublada em Porto Alegre. Você já sentiu uma vontade enorme de chorar sem razão alguma?. Eu já....

Bloco do Eu Sozinho (Los Hermanos) tocando no carro. Olhando para o Guaíba um pouco agitado - ele também não gosta de dias nublados – me deu aquele nó na garganta. O dedo procura o volume do som para aumentar. É a música Adeus Você.

...vê se te alimenta e não pensa que fui por não te amar... Alguns pensamentos vagam procurando algo que não existe. Estou feliz. Contente com as coisas que estão me acontecendo. Mas a vontade de chorar vai aumentando por minha vontade.

...é bom as vezes perder, sem ter por que sem ter razão... Segurei a lágrima para olhar em volta. Não gostaria que ninguém me visse assim. Quando estamos chorando ficamos nus. As lágrimas mancham nossa maquiagem de pessoas perfeitas. Ao lado tem um carro vermelho que me acompanha desde o Gasômetro. Encostei na garagem do edifício mas não desci. Fiquei sentado com as mãos no volante, chorando. De saudades de chorar.

Pra que minha vida siga adiante....(Marcelo Camelo)

quarta-feira, maio 12, 2004

estréia

Escrever frases mal construídas....vomitar idéias de grandes romances sem início nem fim. Este blog é como aquele encontro entre ex-colegas que prometem um dia marcar algo. Ao virarem as costas, voltam ao tedioso cotidiano. Ao aconchego das idéias e ações corriqueiras. Começo com as promessas...


O Circo

Respeitável público!!
O espetáculo terminou,
A lona desceu
E o palhaço chorou...


O que fazer agora?
Um palhaço triste não é um palhaço!
Cadê o encanto?
Onde estão as crianças...

As crianças foram embora...quebrou a magia.
Mas onde? Será que foi a pintura?
Ou as palhaçadas?
Será que foi o TEMPO?

Tempo perdido, tempo vivido....
tempo sofrido, tempo ferido...
tempo fudido...
tempo...

O quê você faz com as pessoas?
Jogou na cara nossa incapacidade de amar
Amar a vida
Amar

Amor infinito?
Loucura.
Carinho perpétuo?
Besteira.

Palhaço engraçado?
Duvido.
Felicidade?
Quem sabe.

Não vivemos de lembranças
Elas é que vivem de nós
Vivemos de sentimentos
E quando estamos sós?

Perguntas sem respostas...

Choro sem lágrimas...

Amor sem saudades...

Palhaço sem o riso...

Eu sem você...

O circo fechou.